Tudo o que você precisa saber sobre PT-100: classes, erros e como medir com precisão


Introdução

Se você trabalha com instrumentação industrial, em algum momento já esbarrou com ela: a famosa PT-100. Presente em tanques, tubulações, sistemas de controle de temperatura e processos críticos, essa pequena gigante é um dos sensores mais usados na indústria.

Mas você sabia que nem toda PT-100 é igual? Que o comprimento do cabo pode criar erros de vários graus Celsius? E que a forma como você liga esse sensor muda completamente a precisão da leitura?

Nesse artigo, vamos reunir de forma didática e direta tudo que você precisa saber sobre a PT-100: tipos, erros comuns, como medir corretamente e o que ninguém te contou sobre a influência dos cabos.


1. O que é uma PT-100?

A PT-100 é um sensor de temperatura do tipo RTD (Resistance Temperature Detector), ou seja, ela funciona com base na variação da resistência elétrica conforme a temperatura muda.

  • “PT” vem de platina, o material do elemento sensível.
  • “100” indica que a resistência é de 100 ohms a 0 °C, segundo a norma IEC 60751.

Por que ela é tão usada?

  • Alta estabilidade e repetibilidade
  • Excelente linearidade
  • Ampla compatibilidade com transmissores e CLPs
  • Faixa de medição de −200 a +850 °C

2. Classes e tolerâncias da PT-100

Nem toda PT-100 é igual. A norma IEC 60751 define classes de precisão diferentes:

  • Classe B – a mais comum na indústria
  • Classe A – maior precisão
  • Classe AA – para medições ainda mais exigentes

Além disso, existem subdivisões chamadas frações DIN:

  • 1/3 DIN
  • 1/5 DIN
  • 1/10 DIN

Essas versões indicam frações do erro da Classe B. Veja um exemplo a 100 °C:

  • Classe B: ±0,80 °C
  • Classe A: ±0,35 °C
  • 1/10 DIN: apenas ±0,08 °C

3. Como a resistência dos cabos afeta a medição

O sensor pode ser preciso, mas se a instalação não for bem feita, você vai ter erro.

Principalmente em sensores de 2 fios, a resistência do cabo entra no cálculo e é interpretada como se fosse do sensor.

Exemplo:

  • 20 metros de cabo (ida + volta) com 0,2 ohm/m = 4 ohms totais
  • Como a PT-100 varia 0,385 ohm/°C, isso representa +10,4 °C de erro!

Solução? Usar ligação 3 ou 4 fios para compensar esse erro.


4. Diferença entre ligação 2, 3 e 4 fios

  • 2 fios: simples, mas não compensa a resistência dos cabos
  • 3 fios: o transmissor mede a tensão entre os fios, assume que os cabos são iguais e compensa automaticamente o erro
  • 4 fios: separa corrente de tensão; os fios de leitura não conduzem corrente, e a medição é extremamente precisa

A escolha depende da aplicação:

  • 2 fios: testes simples, distância curta
  • 3 fios: padrão industrial
  • 4 fios: laboratórios e aplicações críticas

5. Posso medir PT-100 com multímetro?

  • 2 fios: sim, mas a leitura inclui sensor + cabo
  • 3 fios: até dá, mas a compensação automática do transmissor não acontece
  • 4 fios: não recomendado. O multímetro só mede com duas pontas, e isso ignora a separação de corrente/tensão

Multímetro serve pra testes rápidos. Para precisão real, use equipamentos adequados.


6. Boas práticas de instalação

  • Evite cabos longos com ligação de 2 fios
  • Use 3 ou 4 fios sempre que a precisão for importante
  • Atenção com emendas, oxidação, isolamentos e conectores
  • Sempre confira a classe da PT-100 antes da compra

Medição confiável não depende só do sensor, mas do conjunto inteiro.


Conclusão

A PT-100 é um sensor robusto, preciso e extremamente confiável. Mas não adianta usar um sensor de alta classe com uma instalação mal feita.

Entender a influência dos cabos, saber escolher a ligação correta e respeitar as boas práticas faz toda a diferença no campo.

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